terça-feira, 29 de abril de 2014

Livro propõe discussão sobre violência doméstica

Jovem protagonista de Uma razão para respirar sofre com abusos físico e psíquico familiares



Um livro novo chega ao Brasil com uma proposta muito característica: discutir e mostrar as aspectos ocultos na violência doméstica.­­­ Narrado pelos olhos da vítima, Uma razão para respirar traz ao leitor a possibilidade de viver na pele o drama de quem carrega, além da dor física, impactos psicológicos que influenciam suas escolhas, decisões, relacionamentos, vida social e o modo como enxerga a sua própria existência.

“A frente da minha cabeça bateu no batente da porta. Uma dor lancinante transpassou por minha cabeça conforme o corredor se turvava.  Meus olhos foram tomados de pontos pretos enquanto tentava me focar. Antes que pudesse me recompor, suas garras pegaram meu cabelo de novo e arremeteram novamente contra a madeira. O canto do batente chocou-se com o lado esquerdo de minha testa. A dor pungente sobre meu olho deu lugar a um fluxo quente que desceu por minha bochecha”.

Na trama, Emma Thomas vai morar com os tios George e Carol depois que a mãe, alcóolatra, a “abandonou”. O local que deveria ser seu novo “lar”, refúgio e recanto de felicidade, tornou-se, então, o inferno de sua vida. Lá passou a vivenciar sucessivas sessões de agressão e espancamento, além de ofensivas humilhações – que passavam despercebidas aos olhos da pequena prima Leyla, de quatro anos, mas já lamentadas pelo primo Jack, de seis.

Esse é o primeiro volume da série Breathing, escrita pela autora norte-americana Rebecca Donovan, essa obra best sellernos EUA promete chocar também o público brasileiro com uma realidade que está mais próxima do que se imagina. Só no Brasil, segundo dados da Sociedade Internacional de Prevenção ao Abuso e Negligência na Infância (Sipani), 12% das crianças menores de 14 anos são vítimas, anualmente, de alguma forma de violência. Então, fica a pergunta: diante dessa realidade, por qual razão respirar?

Sobre autora:

Rebecca Donovan é autora da lista USA Today Bestselling com a aclamada trilogia new adult The Breathing. Rebecca é graduada pela Universidade do Missouri, em Colombia e vive em uma pacata cidade em Massachusetts com seu filho. Animada com todas as possibilidades oferecidas pela vida, ela é uma entusiasta por musica e quer tentar de tudo um pouco.

Ficha Técnica:
Uma Razão para respirar 
Autora: REBECCA DONOVAN
Formato: 16 x 23 cm
ISBN: 978.85.61784
Preço: R$ 29,90

Fonte: Lilian Comunica – Assessoria de Imprensa

sexta-feira, 25 de abril de 2014

O Garoto no Convés - John Boyne



Em 23 de dezembro de 1787, com o apoio do poderoso Joseph Banks, o HMS Bounty zarpou de Spithead, Reino Unido, em uma missão oficial de sua majestade com o objetivo de chegar ao Taiti. William Bligh, tenente que navegara com o já imortalizado capitão James Cook, dirigia a viagem e ocupava o cargo de "capitão". Com ele, iam 45 homens, que apesar de experientes, ainda não conheciam as belezas da ilha de Otaheite (ou seja, o Taiti para o resto do planeta!).

Quem conhece um pouco da história das grandes navegações deve saber que a viagem não acabou muito bem para o capitão e outros 18 tripulantes. Na manhã de 28 de abril de 1789, os marujos do Bounty, liderados pelo segundo oficial no comando, Fletcher Christian, expulsaram o capitão e seus aliados do navio, pondo-os a bordo de uma pequena lancha no meio do oceano Pacífico, com provisões para cinco dias, uma bússola e um diário de bordo. Os desdobramentos daquele dia fizeram do motim no Bounty o mais famoso levante da história da Marinha Britânica. É baseado nesses fatos que John Boyne constrói a trama que dá forma a este livro.

Para mim, uma das características mais bacanas do autor é mesclar referências históricas com ficção através do olhar ingênuo de uma criança. Foi assim em O Menino do Pijama Listrado, que vocês já puderam conhecer através do blog. No caso de O Garoto no Convés, o nosso narrador é o jovem John Jacob Turnistile, de apenas 14 anos, e que carrega consigo uma história de abusos, inclusive de natureza sexual.

Após roubar o relógio de bolso de um fidalgo francês, Turnistile acaba detido e se vê encurralado entre passar doze meses no calabouço ou dezoito meses em "liberdade" como criado do capitão Bligh no HMS Bounty. A missão dos marujos era a seguinte: chegar ao Taiti para plantar e coletar mudas de fruta-pão, que seriam levadas até a colônia inglesa nas índias ocidentais a fim de baratear os custos da Coroa com a alimentação dos colonos. Na época, Turnistile não sabia o que era uma fruta-pão, muito menos onde ficava Otaheide, mesmo assim optou por seguir viajem com a embarcação.

No geral, a viagem até Otaheide foi tranquila, na época muitos comandantes puniam os marinheiros indisciplinados com chibatadas, mas até então apenas um homem havia sido açoitado no Bounty. Os problemas começaram em terra firme, quando os homens atracaram na ilha e descobriram um paraíso cheio de prazeres e mulheres seminuas. Foram cinco meses de trabalho, fartura em comida e sexo com as nativas. Até mesmo o jovem Turnistile caiu de amores por uma delas. Mas a hora de partir chegou e muitos marujos ficaram descontentes com isso, alguns haviam construído laços com as mulheres da ilha, se apaixonado, e não queriam voltar para o mar e para casa. Vinte e quatro dias após deixarem a ilha, os insurgentes deram início ao motim que ficaria marcado na história para sempre.

A relação entre o capitão Bligh e John Jacob passou a tomar ares fraternais, mesmo sendo apenas um serviçal, o menino conquistou a confiança e a lealdade do capitão. Como era órfão de pai e mãe, e havia sido criado por um pulha, Turnistile enxergou em Bligh um pai, e foi por isso que embarcou com o capitão na lancha, junto aos 17 homens leais. Essa é a parte mais emocionante do livro, nela o menino narra os 49 dias em que os marinheiros ficaram no mar, completamente amontoados e contando apenas com uma bússola e a boa memória do capitão para se salvarem. O plano era chegar ao Timor, na África, e procurar ajuda dos holandeses que lá viviam, mas a escassez de comida e água, além da falta de ferramentas apropriadas, dificultaram o percurso e deixaram os marinheiros muito debilitados.

Eu gostei do livro e comecei a fazer parte do Team Bligh. A admiração de John Jacob pelo capitão é contagiante! Só achei o livro muito grande, são 493 páginas, e apesar da linguagem jocosa do narrador, terminei a leitura exausta. Essa obra é mais madura do que as outras do mesmo autor, até mesmo pela conotação sexual, mas não deixa de ser emocionante.


quinta-feira, 24 de abril de 2014

Dia Mundial do Livro




Antonio CamposDo Jornal do Brasil

No dia 23 de abril, comemora-se o Dia Mundial do Livro e do Direito do Autor, data oficializada pela Unesco em 1996 e que é festejada em mais de cem países. A Espanha, desde 1926, já celebrava o livro na data da morte de Shakespeare e Cervantes. Na região espanhola da Catalunha, é o Dia de São Jorge, da Rosa e do Livro: o dia do padroeiro, do amor e da cultura. As mulheres recebem flores dos homens e retribuem presenteando-os com livros. 

Diante da profusão de novas plataformas de leitura, a cadeia produtiva do livro começa a se preocupar com o futuro do livro impresso. Após o surgimento das novas tecnologias para a publicação de conteúdo, como a internet, o processo de produção, edição e impressão de livros na forma convencional se tornou motivo de debate. 

Não confundo o futuro do livro com o futuro do papel. Nunca tantas ideias forma escritas como na era digital. As plataformas impressas e digitais não são excludentes, mas complementares. Ao lado do livro impresso, já temos o livro digital. A internet já é a maior biblioteca do mundo. Vivemos uma verdadeira reinvenção do livro ante o mundo digital, com novos paradigmas no mercado editorial e de linguagem. Começa-se a ler cada vez mais em celulares e tablets. Contudo, em qualquer uma de suas formas, o livro não foi só uma celebração do conhecimento e registro da memória da espécie humana, mas uma celebração da vida. 

O filme O Leitor nos mostra que, se existe alguma redenção para o ser humano, ela passa pela linguagem. A falta de comunicação ou o erro nela podem ser determinantes nas vidas das pessoas. Os livros falam e dialogam com os homens e são amigos valiosos em nossas vidas. O mundo vive um paradoxo: na era da internet e do celular, ainda reina a incomunicabilidade, pois as questões essências não são ditas e tudo passou a ser descartável. 

Em 2008, uma escola formada por escritores, em Londres, que se denominou Escola da Vida, criou a chamada biblioterapia, que consiste em indicar leituras para o perfil do aluno / cliente, numa verdadeira terapia através dos livros. Em tempos em que um livro é publicado a cada trinta segundos e seriam necessárias 163 vidas para ler todos os livros oferecidos somente pelo site Amazon (como bem lembra o site da escola), as sessões de biblioterapia podem ser um guia para quem está perdido. 

A boa leitura é uma experiência mágica. Nos livros, conhecemos santos, reis, filósofos e homens comuns. Podemos saber o que disseram Jesus Cristo na Palestina e Gautama Buda no continente asiático. A leitura de um livro não pode parecer uma obrigação, deve ser um ato de prazer ou de paixão. Um livro tem que ser uma forma de felicidade. Alguém já disse que o livro é apenas um instrumento para encontrarmos a verdade por nós mesmos. “Todo leitor é, quando lê, o leitor de si mesmo. A obra é um instrumento que lhe permite discernir o que, sem ele, não teria visto em si”, afirmava o escritor Marcel Proust, filosofando sobre a leitura. 

O livro atravessou eras de guerras e perseguições, sobreviveu e, mais ainda, saiu fortalecido. Nesta época de contradições e incertezas, a cultura e o livro são as armas para se manterem os valores básicos do homem acima dos conflitos econômicos e de credo. 

Desejamos contribuir para que o amor pelos livros e a leitura sejam disseminados em nosso país, que ainda precisa conquistar para seu povo um maior acesso ao livro. Queremos contagiar o maior número possível de pessoas ou, no dizer do bibliófilo José Mindlin, inoculá-las com essa espécie de loucura mansa, que é a paixão pelos livros. O livro é uma forma de resistência e reexistência numa globalização que trouxe mais solidão e exclusão social. Longa vida ao livro!


sexta-feira, 11 de abril de 2014

Biblioteca à beira mar reúne centenas de livros em praia do litoral Sul do RN

Proposta foi lançada há três anos pelo professor de surf Adalberon Omena.
Biblioteca fica na Praia do Amor, uma das mais conhecidas de Tibau do Sul.

Felipe GibsonDo G1 RN

Biblioteca montada na Praia do Amor recebeu doações e cresceu (Foto: Aldaberon de Omena/G1)

Na Praia do Amor, no litoral Sul do Rio Grande do Norte, chama atenção um atrativo que foge ao sol e mar admirados por turistas de todo o mundo. Localizada ao lado da famosa Praia da Pipa, no município de Tibau do Sul, o local possui uma biblioteca à beira mar. No acervo, centenas de livros em português, mas também em idiomas como inglês, francês e mandarim. A biblioteca funciona todos os dias das 9h às 17h.

A proposta foi lançada há três anos pelo surfista Adalberon Batista de Omena, 37 anos, que mantém uma escola de surf na praia. Natural de Olinda, em Pernambuco, Adalberon chegou a Pipa em 1995 para surfar. Veio e ficou. "Cheguei por causa do surf, mas vi todo o potencial da cidade para o turismo", explica.

Pernambucano chegou a Tibau do Sul em 95
(Foto: Arquivo Pessoal/Adalberon Omena)
De acordo com o sufista, a biblioteca surgiu por acaso. "Começou com um banquinho e foi crescendo. Recebemos doações, ajuda de moradores, e também comprei alguns. A comunidade e o turismo fizeram crescer", conta. Com o tempo o banquinho deu lugar às prateleiras que guardam centenas de livros atualmente.

Aberta ao público, a biblioteca pode ser usufruída pelos visitantes na praia, mas também existe a opção de levar o livro para outro local. "Quando as pessoas querem levar cobro um 'calção' de R$ 10. Quando o livro volta, o dinheiro está lá. Também faço trocas", ressalta o criador da Biblioteca da Praia, que mensalmente promove eventos voltados para crianças.

Para Adalberon, as aulas de surf e a biblioteca vão além de atrativos turísticos. "Vi que com esporte e educação é dá para fazer algo, buscar uma mudança. Falo principalmente das crianças, que ainda estão aprendendo com a vida e têm uma consciência para formar", encerra o pernambucano.

Fonte: G1 RN

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Livro tenta explicar mito em torno de Kurt Cobain, 20 anos após sua morte

Kurt Cobain em foto de 1993
(Foto: AP Photo/Mark J.Terrill)

Há 20 anos, o Nirvana perdia sua voz. No dia 8 de abril de 1994, o líder e vocalista da banda, Kurt Cobain, foi encontrado morto na estufa de sua casa, em Seattle, nos Estados Unidos. Para explicar o fenômeno e mostrar o que aconteceu nas duas últimas décadas no mundo pop, o jornalista Charles Cross lançou ‘Kurt Cobain: a construção do mito’. "Não é mais uma biografia. Ele tenta situar Cobain não só na cena que ele viveu, como o que aconteceu de lá para cá", aponta Tom Leão.

Segundo o o comentarista de cultura do Estúdio i, o líder do Nirvana foi o último grande ídolo do rock. "De lá para cá, não apareceu ninguém parecido com ele. Nem chegou perto", avalia. Dividido em seis partes, o livro analisa a influência da banda em toda uma geração. Cross destaca ainda que a indústria da moda buscou formatar o estilo grunge: casacos que custavam US$ 10 eram replicados por Marc Jacobs por US$ 600.

O Nirvana também impactou a economia. A empresa que fabricava os desodorantes para garotas ‘Teen Spirit’, cujo nome é mencionado no título do maior hit da banda, foi comprada apenas para controle da marca. Até o tênis favorito de Kurt, o All Star, foi influenciado. A Nike comprou a Converse. Em 2006, o líder do Nirvana foi a celebridade morta que mais faturou; segundo a revista ‘Forbes’, foram US$ 50 milhões.

Tom Leão destaca ainda que o livro de Cross conta detalhes do histórico de suicídios na família do vocalista: dois tios se suicidaram e um avô tirou a própria vida diante da família durante um jantar. Associa-se a isso o envolvimento com drogas pesadas, como a heroína. De acordo com os especialistas que Cross ouviu para escrever o livro, Kurt já havia tentado se matar outras vezes e tido algumas overdoses por nunca ter se sentido confortável no papel de ídolo do rock.

Fonte: Globo News

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Extraordinário - R.J. Palacio



O que teria de tão extraordinário em um garotinho comum, vivendo em uma casa comum, com uma família comum? Absolutamente tudo. Auggie Pullman nos ensina em 320 páginas que, por mais diferentes que sejamos, todos somos seres extraordinários. Basta olhar o mundo através de uma ótica de amor e gentileza.

Quando August nasceu, foi diagnosticado com várias síndromes e deformações faciais. Ao longo de sua pequena vida, enfrentou muitas cirurgias e tratamentos dolorosos, mas o que mais machucou o coração do nosso pequeno guerreiro foi a indiferença e o olhar enojado de pessoas ignorantes. Os pais de Auggie o criaram cercado de carinho e superproteção, e a irmã mais velha dele, a Via, sempre colocou os problemas do irmão como prioridade. Quando completou 10 anos seus pais decidiram que era hora do menino encarar o mundo e frequentar a escola, como um cordeiro pronto para o abate!

Foi um ano difícil e tumultuado. Primeiro pelos olhares e pela falta de contato físico com os colegas, depois pela imaturidade do Auggie ao encarar as novidades, mas no final todo mundo acaba se surpreendendo com a coragem do menino. A trama toda é basicamente narrada por ele, mas Palacio também expõe a perspectiva de alguns personagens importantes na história, como a Via, o Jack, a Summer, a Miranda e o Justin.

Extraordinário deveria ser leitura obrigatória! É importante debater o tema do preconceito, principalmente porque muitas crianças acabam sendo "más" com as outras por falta de diálogo e orientação dos pais. Os próprios adultos não percebem que um olhar diferente, uma expressão de repulsa, mesmo que pequena, pode ferir para sempre um indivíduo considerado "diferente". Por mais que não tivesse um rosto bonito, Auggie conquistou amigos e o respeito dos professores pelo seu comportamento corajoso e gentil. Um menino extraordinário, com uma família e amigos extraordinários!