A malandragem
carioca está eternizada em filmes, novelas e letras de samba. Malandro é
malandro e mané é mané! Você com certeza já ouviu esses versos na radiola de
algum boteco Brasil afora. Em seu único romance publicado, Manuel Antônio de
Almeida apresenta o primeiro malandro da literatura brasileira: o sargento de
milícias.
Fruto de uma
pisadela e de um beliscão, quando criança, o Leonardinho era tinhoso e malquisto
pelos vizinhos. O fogo que uniu os pais portugueses, no navio que os
transportava para o Brasil, apagou tão rápido quanto começou. Quando completou
oito anos o malandrinho foi abandonado pela família e acabou caindo nas graças
do padrinho barbeiro, que o mimou e cuidou de sua educação sonhado em ver o
afilhado se tornar um membro importante para a comunidade carioca.
A primeira
ideia que o padrinho teve para o futuro de Leonardinho foi o sacerdócio, mas não
deu muito certo, nem o padre e a vizinha carola escaparam das artimanhas do
menino! Alguns anos mais tarde, Leonardo acaba sendo forçado pela polícia a
servir ao exército, tendo como principal missão coibir a malandragem no Rio,
mas como nunca foi de sua natureza manter-se longe de problemas, continua
aprontando dentro do próprio batalhão de polícia.
Um fato
curioso é que no início, Manuel Antônio de Almeida escreveu a história do
sargento de milícias em forma de folhetim, algo muito comum na época, mas
costumava assinar como “um Brasileiro”. Só em 1863 o nome verdadeiro do autor
passou a constar na obra.
Gostei muito
do estilo do autor, apesar de ter sentido bastante dificuldade para compreender
algumas palavras e expressões que eram usadas na época. O lado cômico dos
personagens é muito bem explorado na trama e é o tipo de história que sorrimos
do início ao fim. O diálogo entre Manuel e o leitor é constante, o que ajuda a
tornar a nossa relação com o livro e os personagens mais pessoal.