segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Editoras potiguares representam RN na Feira do Livro de Frankfurt



Editoras e autores potiguares, participam de 9 a 13 de outubro da Feira internacional do Livro de Frankfurt, na Alemanha. O evento é a maior feira de livros do mundo também voltada para multimídia e comunicação, e esse ano terá o Brasil como país homenageado. Dia primeiro de outubro, terça feira, os autores e representantes das editoras Fundação Vingt-un Rosado, Queima Bucha, Sebo Vermelho, Una, Jovens Escribas, Sarau das Letras, RN Econômico e Manimbu, comparecem ao Salão Nobre do TAM para audiência com a governadora Rosalba Ciarlini.

Nesta oportunidade será apresentado o folder bilíngue preparado especialmente para a Feira, contendo foto das obras que estarão expostas com uma pequena biografia de cada autor. A Fundação Biblioteca Nacional disponibiliza stand no pavilhão Brasil e o transporte das publicações. Confirmaram presença os poetas e escritores Diógenes da Cunha Lima, Nelson Patriota e a Professora Isaura Rosado, que estará em período de férias.  

A Feira terá 7.539 expositores distribuídos em dezenas de pavilhões, com 111 países participantes. Segundo dados da Câmara Brasileira do Livro, a estimativa é de que 290 mil pessoas visitem a feira.

RN ganha visibilidade com participação em feira literária

Um livro de pedra com um quilômetro quadrado, inscrito nos sertões calcários do Apodi há 10 mil anos, é um dos discursos fundadores da identidade das gentes que hoje passam genericamente por potiguares. Não é um livro de textos como muitas das editoras do Rio Grande do Norte apresentam hoje na Feira de Frankfurt. Mas sim, um conjunto de signos – aves, insetos, mãos – com valor de escrita numa cultura ágrafa.

Esta primeira manifestação da escrita por símbolos que datam de mais de 9 mil anos, está expressa nos paredões de calcáreo do Lajedo da Soledade, em Apodi (RN), e se repete em vários outros sítios arqueológicos do Rio Grande do Norte, como nos Alexandres, em Carnaúba dos Dantas, e nas muitas pedras letradas do sertão semiárido do Estado. Manifestações da inteligência dos homens primitivos que nos antecederam, preocupados em escrever por símbolos a crônica de nossas vidas.

Distante 10 milhões de anos, deste primeiro livro descrito pela Revista Perigo Iminente, na Feira de Frankfurt ultrapassamos os relatos de viajantes e cronistas que pontuaram os exotismos das tribos e a exuberância da paisagem e encontramos as editoras do Rio Grande do Norte que atenderam ao convite e, sem matriz pré definida, elegeram as obras que se mostram e nos mostram, enquanto povo e história, cultura e sentimentos de uma matriz cultural de origem europeia, indígena e africana.

Enfim, sob qualquer ângulo que se olhe, a literatura norte-rio-grandense exibe hoje um dinamismo que lhe confere uma identidade própria e singular, em meio à grande variedade de tendências e características das demais literaturas do Nordeste e do Brasil, garantindo brilho e prestígio aos seus autores e inspirando novas gerações de escritores, que, em todas as áreas, revelam novos e vigorosos talentos.


Fonte: Assessoria Secultrn/FJA

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Orgulho e Preconceito – Jane Austen


Os apaixonados por literatura com certeza já leram ou ouviram falar na autora Jane Austen. Considerada por muitos como uma das melhores romancistas clássicas, a inglesa arrebatou corações em Orgulho e Preconceito, originalmente lançado em 1813. O que li é uma versão mais recente publicada pela editora Landmark, edição de luxo bilíngue, capa dura... tenho o maior orgulho de exibi-la por aí.

A narrativa de Austen é primorosa e apesar do linguajar usado pela autora ser “antigo”, ele é simples, conciso e fácil de compreender. Os personagens são figuras meio caricatas, não sei se essa era a intenção da autora ou se existiam mesmo tais criaturas, seja como for eu não queria estar na pele da Elizabeth e ter de conviver com os delírios da mãe e das irmãs mais novas dela. Acreditem em mim, aquelas loucas fariam de tudo por um bom casamento!

Gostei muito de poder explorar o velho mundo através das famílias Bennet, Bingley, Darcy e de tantas outras que aparecem ao longo da história. Engraçado como as coisas funcionavam naquela época, como orgulho e vaidade se confundiam em meio a bailes, jantares e convenções sociais. A necessidade que essas famílias tinham em demonstrar riqueza, berço e finess fez com que eu me fizesse a seguinte pergunta: “É possível julgar uma pessoa pelo que ela tenta parecer ser ou devemos esperar para ver o que ela realmente é?”. Lizzie e Darcy irão mostrar a você que na maioria das vezes as aparências não passam de aparências e que o verdadeiro amor supera orgulho, mentiras e diferenças sociais.

O livro ganhou duas adaptações cinematográficas. A mais recente foi em 2005, tendo como protagonistas a atriz Keira Knightley, interpretando a Srta. Lizzie Bennet, e Matthew Macfadyen como Sr. Darcy. A trama é quase que totalmente fiel ao livro, apesar dos roteiristas terem mudado alguns pequenos detalhes, mas no geral o longa não decepciona em nada a obra dessa grande autora.




sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Os Crimes do Padre Heusz: A morte como doce penalidade para alcançar a salvação - Emanoel Barreto

Hoje nós temos a participação mais do que especial do leitor Walter Pinheiro Jr que contribui para o nosso blog com essa magnífica resenha sobre o livro Os Crimes do Padre Heusz, do professor de Jornalismo da UFRN, Emanoel Barreto.
Confira abaixo!




- Mas a finalidade do veneno é a morte - rebati.
- E a finalidade da morte é a salvação - enfrentou-me.
- E a finalidade da salvação?
- Esta tem por fim levar o homem a viver eternamente.
- Então, quereis a eternidade?
- Sim quero.
- Quer dizer então que, querendo a eternidade quereis também o veneno que lhe a dará?

Um padre assassino, um jornalista disposto a transpor os limites do envolvimento pessoal para conseguir 'A SUA HISTÓRIA', loucura, crimes, miséria humana, fé, pobreza, degradação moral, redenção, justiça e um mistério inquietante. Está montado o cenário completo para um grande romance policial. Porém, bem mais do que isso, Os Crimes do Padre Heusz se caracteriza também como uma aventura amarga de suspense, que força à auto avaliação e convida o leitor a imergir, desde a sua primeira página até à derradeira palavra, em uma atmosfera tensamente reflexiva sobre a verdade absoluta de conceitos paradigmáticos como o pecado, a justiça, a realidade e a ética.


(Emanoel Barreto)
Primeiramente gostaria dizer ao leitor do Cartapácias que me sinto extremamente honrado e igualmente apreensivo em escrever esta resenha, tendo em vista que a obra comentada a seguir pertence a um autor peculiar: Emanoel Barreto, jornalista dono de uma vasta experiência de 38 anos de campo, e meu professor no curso de jornalismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Contudo, apesar da empreitada arriscada e atrevida de tentar analisar um autor presente no meu convívio acadêmico e que admiro 'por demais da conta', aviso aos navegantes: colocarei aqui apenas impressões pessoais de um leitor comum, baseadas em percepções captadas pela minha, ainda rasa, capacidade e habilidade para a crítica literária. 
                                                                                                                                                                         
Pois bem, lançado em 24 de julho deste ano (quente, quente, recém saído do forno), o livro Os Crimes do Padre Heusz, narra em primeira pessoa a história de um repórter policial, aparentemente consagrado e estabilizado profissionalmente no jornal Página Um, que, em uma noite normal de fechamento de edição, recebe uma carta assinada por um Padre chamado Petrus Paulus Apolonius Heusz.

No texto, o sacerdote apresenta-se, compartilha um pouco da sua rotina celibatária e revela ter uma missão: salvar as almas perturbadas que o buscam na confidencialidade do confessionário, através do perdão de seus mais repugnantes pecados. No entanto, para a perplexidade do jornalista, a tal absolvição vem através de uma hóstia envenenada causadora da morte paradisíaca e indolor do pecador, concebida em comunhão ministrada pelo Padre. Libertando assim, o indivíduo da vida lasciva e expurgando o mal da face da terra.

A partir daí, movido pela curiosidade sagaz inerente aos apaixonados pela profissão, e vislumbrando a possibilidade de publicação de uma grande reportagem, o protagonista passa a aceitar mais e mais cartas do Padre Heusz. Cartas essas, que relatam detalhadamente seus crimes, e o porquê de serem cometidos. Então, quando menos espera, o redator já se encontra envolvido até o pescoço em um jogo misterioso e perigoso de gato e rato, vendo-se obrigado a enfrentar os demônios interiores que dominam os seus princípios, crenças, e julgamentos sobre o que é bom, ruim ou real.
           
Adepto da máxima "O Salário do Pecado é a morte", o Padre Heusz se intitula um justiceiro honrado a serviço de Deus, que concede a vida eterna às almas não merecedoras de viver a vida terrestre. Porém, quais pecados os seus congregados lhe confiaram? Quão imundos e miseráveis os são, para que mereçam tais seres a morte? Quanto de desumanidade e loucura o ser humano pode carregar no seu âmago? Com que autoridade alguém pode julgar a atitude do próximo? Até onde vai o poder da fé? Por qual razão, já que mata os seus confessos, o Padre Heusz escolheu justamente um repórter policial para "confessar-se" também, tal qual suas vítimas o escolheram? Estaria ele também em busca do perdão por seus crimes? Estaria o antagonista almejando provar do seu próprio e sublime veneno matador? Creio que para descobrir, caro leitor, você proponha-se à leitura e chegue à suas próprias conclusões.

Durante a leitura, é interessante perceber a maestria com que o autor migra da linguagem informal utilizada nas partes narradas pelo repórter, para os textos das cartas do Padre Heusz, demonstrando exímio conhecimento da difícil linguagem sacerdotal e dos termos clérigos formais. Trechos da Bíblia também são citados geralmente em momentos de tensão na narrativa, por personagens que tendem a deturpar o seu significado para justificar as suas ações, assim apresentando para nós, outras possibilidades de entendimento das passagens bíblicas. 

Apesar de conter algumas palavras incomuns (corre no dicionário e dá aquela procurada rápida, não dói nada), o ritmo em que os fatos são contados te deixa instantaneamente preso à vontade de querer ler a próxima linha. Muito disso se deve às rápidas descrições que não se alongam, focando no necessário para o entendimento do leitor, e uma maior liberdade imaginativa da cena narrada. Um aspecto que eu particularmente gostei bastante foi a inserção criativa, na narrativa ficcional e nas notas de rodapé, de algumas experiências reais vividas pelo professor Emanoel Barreto, durante a sua atuação nas redações dos jornais potiguares Tribuna do Norte e Diário de Natal.

Cabem aqui também duas curiosidades sobre os personagens: 1) à exceção do Padre Heusz e de Dona Carmencita, os demais não possuem nomes próprios. São identificados por expressões qualitativas ou apelidos - Estalo, o velho aleijado, o gentio, o jornalista, o grande senhor, o magarefe, o manco... (recurso que me remeteu ao mestre da literatura portuguesa José Saramago); 2) apresentam-se como seres argumentativamente muito bem construídos: você pode não concordar com nada do que eles façam, e na maioria das vezes até sentir repulsa e indignação por seus atos, mas garanto, eles estão repletos de argumentos indiscutíveis (acreditam fortemente), e bem articulados para fazer você mudar de ideia. Consistentes em relação aos pensamentos subversivos e ao agir como reflexo condizente com a “loucura e decadência” interior.
           
Por fim advirto que será um pecado você não ler este livro. Então, lembre-se:

O Salário do Pecado é a Morte
Vai querer arriscar?




Por Walter Pinheiro Jr.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Escritores comemoram aumento do prazer da leitura entre adolescentes

Escritor Zuenir Ventura disse que temor de que a internet acabará com livro é uma visão "apocalíptica" sem o menor sentido

O escritor e jornalista Zuenir Ventura disse que já procurou entender, mas não chegou a uma conclusão sobre o crescimento do interesse dos jovens pela leitura. Ao visitar estande da Submarino, loja virtual de venda de livros, na 16ª Bienal do Livro, no Riocentro, ele acrescentou que a explicação pode estar na evolução da literatura de entretenimento, por meio da qual os adolescentes começam a se interessar pela literatura.

“As escolas, no meu tempo, não entendiam assim e transformavam a leitura em um dever. Aí ficava uma coisa chata. Quando se revela para a criança e o jovem que a leitura é um prazer, um gozo, uma coisa gostosa de fazer, eles não têm como resistir. É botar na cabeça dos professores e dos pais que a leitura tem que ser um prazer e não um dever”, comentou à Agência Brasil.

O escritor não concorda com opiniões de que o uso da internet provocará o fim dos livros. “Reclamava-se tanto que os jovens não leem e aí se descobre que os jovens estão lendo. Achava-se que a internet ia acabar com a leitura, ao contrário, acho que nunca se leu tanto e se escreveu tanto quanto agora”, analisou.

Zuenir disse que o temor com a internet é uma visão “apocalíptica” que não tem o menor sentido. “Eu tiro um pouco pela minha casa. A minha neta de 4 anos gosta muito de ler, gosta de tecnologia, de iPed e me ensina. Não há incompatibilidade entre a tecnologia e a leitura. Acho que são complementares. Na verdade, essa história de que vai acabar o livro ou o jornal, as pessoas que dizem isso, acabaram antes. Acho que, na verdade, há uma 
convivência e não um antagonismo. Há uma convergência e acredito na leitura”, explicou.

O autor elogiou o fato de escolas levarem os alunos para visitar a Bienal. Para ele, o hábito da leitura deve começar nas crianças.”Isso também é uma iniciativa da maior importância”. O escritor destacou o trabalho do amigo Ziraldo. “Ele tem uma responsabilidade incrível nisso, porque prepara leitores. As crianças começam a ler por meio do Ziraldo e depois vão embora, porque quando se descobre o prazer da leitura não se abandona mais”, defendeu.

A escritora Thalita Rebouças, autora de 15 livros e que faz sucesso entre os adolescentes, explicou que eles estão lendo cada vez mais e a situação agora se inverteu, porque quem não lê é que não está na moda. “Quando eu comecei há 13 anos quem lia tinha vergonha de admitir. Hoje, graças a Deus, quem tem vergonha de admitir é o pessoal que não gosta de ler. O mico é não gostar de ler “, disse em entrevista à Agência Brasil.

Thalita lembrou que para um autor é muito importante saber que o livro dele vai fazer parte da vida do adolescente. “É muito gratificante saber que você escreve na solidão do seu escritório e de repente  aquilo sai da sua cabeça, vai para o seu computador e atinge muita gente. Mexe com muita gente, com as emoções de tanta gente. O adolescente passa por uma fase complicada com espinhas, questões, amores platônicos. Então, saber que os meus livros fazem companhia a eles é maravilhoso”.

A autora destacou que como escreve sobre o cotidiano, sempre quer que os adolescentes se identifiquem com o que vão ler. “A minha preocupação é não passar lição de moral. É fazer com que eles pensem e a partir do que leem, tirem suas próprias conclusões. E tudo com muito humor. É o que eu gosto de fazer. Fazer rir”, acrescentou.

Fonte: Agência Brasil