O jornalista
sueco Stieg Larsson surpreendeu ao escrever uma trilogia diferente de tudo o que
estamos acostumados a ver no mundo literário. Em uma pesquisa rápida na
internet, descobri que a temática presente nos livros deve-se ao fato de
Larsson ter presenciado um estupro coletivo de uma jovem quando ele tinha 15
anos. O autor nunca se perdoou por não ter ajudado a garota e passou parte da
sua vida combatendo a violência contra as mulheres. A garota em questão se
chamava Lisbeth, nome que também foi dado por Larsson à personagem principal da
obra.
A
trilogia é composta por Os Homens Que Não Amavam as Mulheres, A Menina Que
Brincava Com Fogo e A Rainha do Castelo de Ar. Dos três, gostei mais do
primeiro por ter uma história completa, com início meio e fim. Quando você
termina a leitura se sente satisfeito, agora se você pega o segundo volume para ler e não engata o terceiro na sequência, pode
acabar se perdendo no meio da trama. A obra é
cheia de mistérios e cada volume apresenta uma série de eventos que precisam
ser investigados por uma dupla nada convencional.
Mikael
Blomkvist é um cidadão modelo, o tipo de jornalista que a maioria dos
estudantes de jornalismo sonha em ser durante a faculdade. Ele é um dos donos
da revista Millennium, publicação importante no cenário midiático da Suécia, mas
acaba se colocando nas manchetes ainda no primeiro livro, quando vai parar na
cadeia após ser processado por um empresário que foi denunciado em uma de suas
matérias. Tenho a sensação de que o autor tenta exprimir um pouco de sua
personalidade, mesmo que de forma fantasiosa, no personagem de Blomkvist.
A outra
personagem, Lisbeth Salander, não é uma mocinha clichê, ela faz mais o tipo
heroína. Uma garota com uma inteligência fora do normal, que lutou a vida
inteira contra um sistema corrupto que destruiu a sua vida quando era criança,
o que a acostumou a ser invisível e, apesar de sua aparência punk, nunca gostou
de chamar atenção. Consigo contar nos dedos de uma mão as pessoas que ela
consegue confiar e que irão ajudá-la a provar para o mundo que ela foi apenas
mais uma vítima nas mãos de funcionários de um governo sujo.
Os livros
já foram lidos por milhares de pessoas ao redor do mundo, na Suécia uma entre
quatro pessoas leu pelo menos um exemplar da série, ou seja, sucesso garantido!
Cineastas suecos começaram a filmar a trilogia em 2009, ainda não assisti,
mas já li em alguns sites especializados que são versões muito fiéis. Hollywood
também se rendeu à trama e Os Homens Que Não Amavam as Mulheres foi parar nas
telonas em 2012, e mesmo com os boatos de que a Sony estaria cogitando gravar a
continuação, até o momento não há nada de concreto.
Pesquisei
um bocado sobre a vida de Larsson e lá em cima afirmei que tinha a impressão de
que Mikael possuía muito da personalidade do autor. Ambos eram jornalistas,
donos de uma revista polêmica e de grande importância no contexto social da
Suécia e abominavam qualquer tipo de falta de moral no
caráter humano. Mas o que mais me fez relacionar criador e criatura foi o fato
de Mikael lutar até o fim para salvar a pele de Lisbeth, coisa que Stieg
Larsson não conseguiu fazer pela jovem que viu sendo estuprada quando ele era
apenas um menino.
O autor
faleceu em 2004, aos 50 anos, pouco depois de entregar aos editores a Trilogia
Millennium e, apesar de ter recebido várias ameaças extremistas pelo o que ele
publicava na revista, a causa da morte foi infarto.
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